Exemplos de Vida reflete a beleza e a singeleza da alma feminina racionalista cristã, nos ensinamentos das nobres mulheres Maria Thomazia, Maria Cottas e Maria de Oliveira. Encontrei nestes espíritos exemplos que dizem muito a todas as mulheres ávidas por esclarecimento. Como mãe e eterna estudante desta doutrina, ao ler e transcrever cada letra de suas páginas, senti que cresci um pouco mais, e deixá-las em meu arquivo pessoal seria demais injusta para com todas, assim, publico seus exemplos e um pouco de suas biografias para quem desejar sentir a vibração e a ternura do amor existente em cada palavra. Maria de Fátima Almeida

Dona Mariazinha - Por Maria Teresa Gomes

Maria Júlia de Mattos do nascimento Cottas, ou simplesmente, D. Mariazinha, como era chamada carinhosamente pelos amigos, era filha de Luiz de Mattos, o fundador do Racionalismo Cristão.
Em 15 de Setembro de 1900, nascia Maria Júlia, menina meiga e inteligente. Luiz de Mattos, ao contrário da maioria dos pais daquele início de século, preocupou-se com a instrução esmerada da filha, internando-a no colégio Imaculada Conceição. Apesar de não ser católico, queria para sua filha um colégio de tradição, com professores capacitados para ministrar-lhe educação e instrução aprimorada.

Maria Júlia foi uma brilhante aluna e se destacava em idiomas, literatura e em outras matérias, mostrando, assim, a sua dedicação aos estudos. Suas notas serviam de exemplo para a maioria dos colegas.

Retornou ao lar após a conclusão dos estudos, passando a secretariar Luiz de Mattos, que teve a alegria de ver na filha uma competente e prestimosa colaboradora.

Extraído do singelo artigo de autoria de Joaquim Costa, destacamos o trecho: “Unida pelo matrimônio ao homem que o fundador e Presidente perpétuo do Racionalismo Cristão havia, antes do namoro, designado para sucedê-lo na chefia da Doutrina, soube ser não apenas a companheira ideal, a mãe de família inexcedível nos cuidados e na dedicação às filhas e aos deveres do lar, mas a esposa compreensiva, tolerante, justa, generosa e magnânima que, com a consciência da alta missão de que se investira o marido, após a desencarnação do mestre Luiz de Mattos, e das imensas responsabilidades daí decorrentes, fez questão de colocar-se ao seu lado também na Doutrina, como instrumento mediúnico, a ela e aos encargos da família tudo sacrificando, numa vida de abnegação, desprendimento e renúncia que inspirava a um só tempo admiração e respeito. Escritora nata e educadora por vocação irresistível, em todos os livros de Maria Cottas se nota a sua preocupação de contribuir, por meio de conselhos e admoestações impregnadas de sincera afeição para o aperfeiçoamento moral da juventude que ela tanto amava, com a correção dos vícios resultantes, na maioria dos casos, dos maus exemplos dos adultos. Por causa disso, jamais negava aos jovens uma palavra de compreensão, de indulgência e de estímulo”.

Maria Cottas era muito emotiva, aqueles que tiveram a felicidade de conviver com ela sentiam o quanto se sensibilizava. Quando uma amiga lhe confidenciava problemas complicados que envolviam sofrimentos, D. Mariazinha ouvia atentamente e seus olhos ficavam marejados. Sempre se dispunha a ajudar na solução desses problemas, dando apoio material e espiritual a amiga.

Sempre se mostrou alegre, despojada de rancores. Com arte e bom gosto fazia lindos tapetes de arraiolos, pintava porcelana e oferecia aos parentes e amigos essas prendas delicadas e belas, que retratavam fielmente o seu amor pela arte tão singela. Sentia-se a sua imensa felicidade quando a família estava reunida à sua volta.

Quem escreve estas linhas, teve a imensa felicidade de ter o casal Antônio e Maria Cottas como testemunhas de seu casamento. Em nossa casa, em Belo Horizonte, pouco antes da cerimônia, D. Mariazinha disse, muito séria, aos noivos: “Agora, João e Maria, escrevereis a vossa história; que seja linda e com final muito feliz! Portanto, João, ser feliz e fazer feliz a Maria é uma ordem minha”.
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Assim era a extraordinária Maria Cottas, que deixou saudade e lembranças indeléveis. Sempre frisava que acompanhava o século, deixou-nos aos 71 anos de idade, 20 dias após comemorar as Bodas de Ouro, um acontecimento de rara beleza, momento único em sua vida, que lhe causou grande emoção.

Não é assim tão fácil exprimir em algumas linhas a vida, a obra e a marcante personalidade de Maria Cottas, na sua última e profícua encarnação.

Dona Mariazinha
Por Maria Teresa Gomes

Fonte: Jornal A Razão - Setembro de 2007